Confusões de um dia - Do mistério ao eterno.

Com o tempo percebemos que todas as intensidades são amenas. Que o para sempre é muito tempo. Passamos a encarar a vida e suas pontas, suas partes, o todo. O todo que se torna em pedaços, em partes, e esses pedaços são o todo que temos, não a soma dos estilhaços, mas a particularidade que cada um representa.

Aprende a não pertencer muito a pessoas, lugares, objetos, e sim deixar o seu valor para que os pássaros presos na gaiola voem e possam voltar. Pois a vida exige confusão. E as coisas, junto com o tempo lhe cravam marcas das mais profundas, belas e fantásticas.
E querer a liberdade, independência ou morte.

Todas as cores, os cheiros, o canto calado, o café quente matinal, o fim de tarde, essa manhã invernal, o tudo e todas as partituras que me aprecia. O tudo e o nada, o tudo que optei por querer viver intensamente, navegar nas profundezas do interior, e me permitir na aventura do exterior. O nada que eu escolhi para não confundir as incertezas, para não pertencer muito, não me apegar demais. Com o tempo percebemos que sempre terão as idas e as voltas, sempre partindo e ficando partido ao meio.
Tudo é muito pequeno e pouco, pouco demais, logo pra mim que tem asas enormes e uma ambição imensa de horizontes.

A partir de hoje não quero me prender ou ter certeza de nada, quero ser a duvida e na maré me jogar.
Tenho medo de sofrer, de sofrimento já basta tentar me entender. E sem perceber, o medo se torna um sofrimento.

Confusão e correria. Fazendo o máximo para não me perder nessa agonia, e me perco, me encontro perdido e girando, sem saber ao certo o que sinto, o que quero e pra onde vou.
Perder-se no mundo foi o único jeito de se encontrar. Ainda que ele continue perdido.

Mas tudo se torna doloroso e simples quando se tem uma meta, e nessa meta gasto as minhas energias, entregando-me a esse saboroso imediatismo cego. Pronto para tudo acontecer.
E quem me dera acordar louco de vontade todos os dias. Ando acordando muito sã, de bandeja e a mercê da realidade. Navego confinante nesses insights.

As minhas viagens internas parecem durar eternidades, me constrói as esperanças, e na ilusão que também faz parte dos meus mundos.
O campo onírico se mantém em borbulhas.

E essas ondas, ondas que insiste em querer me levar, mantenho-me forte para não ser arrastado. Longe de mim fazer parte desse universo de sonhos minúsculos, de vidas que se contentam com o que é lhe posto, não tem nem curiosidade de saber do mistério, do desconhecido, do imenso.

Quando pequeno gostava tanto de mistérios, e hoje eu sei onde ele está, aqui, nas profundezas de minhas inverdades. O mistério, a alma das coisas esquecidas.
Hoje me encontro mais perto desse infinito que parece recuar sempre, e o meu mundo do inverso me destruindo por dentro.

O que foi, o que passou, foi ficando para trás, fragmentado, fragmentando-se. Se fazendo, se refazendo, se destruindo. Flashs de lembranças, vidas mornas caminhando e fadigando, sem tempo de olhar para o lado. Sem medo de olhar para trás.


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