FUGA [reticências]
Meu corpo violado de álcool e fumo. Ressecado. Assim como as
ondas mornas do mar de manhazinha. Numa suplica de liberdade, aqui jaz meus atormentos e meus demônios de meio dia de um domingo. Findando as veias intrínsecas dessa
alma de outrora.
Que meus versos se distinguem nas palavras estancando o
sangue que tende a correr, que há de dar vida. De um dia que dilacera minha essência,
de antes uma noite de viagens entre o universo dos meus neurônios.
Pela vontade de embriagar-se, pela nudez desses meus
importunos desejos, todos eles sacanas, pois na liberdade do meu suor fétido e
carimbado numa loucura por essa fuga circunscrita em labirintos que percorrem
meu peito – mais que tudo – fuga que suspende a prescrição, sem bulas e nada
mais.
Olhe bem no fundo das margens escuras que contornam minhas
olheiras, nas minhas rugas que ainda tão novo e conta tantas histórias, entre
aventuras e deserções, que expandem e resume minha fugacidade de curtos
intervalos entre paixão e tédio.
Da noite que já se foi, de um domingo que ainda me dilacera
com todas essas realidades confusas, da cama confortável, de vidas e coisas
todas, entrelaçando nas malas dessa minha romaria. Chapado entre cinzas, pretos
e brancos, bagas, resquícios, copos de catuaba pela metade, pela vontade – fragmentos
e estilhaços de uma noite que já deixou de ser, pela revoada que fez tornar-se
o hoje.
Enquanto a cidade dorme lá fora, enquanto pessoas dormem, só
me restam os uivos dos cachorros num grito da liberdade negada pelo mundo.
Manchas de uma sobriedade imaculada, que sempre volta, por
mais longa que seja a partida. Partir dessas veracidades tão mornas e mortas,
num sufoco do que me aflige e me torna mais uma madrugada, findado no amanhecer,
numa anseia pela noite e pelo silencio e suas possibilidades. Sufista
inexperiente que sou – ondas a dropar e labirintos presos na minha {in}consciência.
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