{Re}criação da alma

Já escrevi o que tinha que escrever
Já recriei histórias
E coisas mil
Já criei ouvidos para quem não tinha
E pernas para quem rastejava
Desenhei asas em pássaros humanos
Já criei castelos
E também infernos
Prisões e concessões
Súplicas e martírios
Fugas e refúgios

Criei personagens 
Pessoas reais e irreais
Das quais nunca vi
Das quais eu já vi
Das quais nunca apareceram 
Das quais nunca voltaram 

Já recriei desejos
Rescrevi e reinventei sentimentos absurdos
Já pintei o 7
Inventei criaturas
Brinquei de morrer
Nasci e renasci
Escrevi territórios frondosos
E trouxe a tona o inconsciente
Dei origem ao universo
recriando constelações

Só não consegui recriar minha história
Minha alma
Essa não tem narrativa
Essa não tem descrição
Uma hora é, outra hora não é
Não esta aqui e nem ali
Vivo na ambivalência
E surfo nas ondas da incerteza
Mora na transitoriedade
Às vezes pego uma pequena carona com o mistério
Ao mesmo tempo que sou caos
Também sou leveza
E num assobio lento de solidão
e de incompreensão
Me faço poesia.

Os olhos também
Nunca os consegui recriar
Olhares
Esses são muito complexos
e de tamanha intensidade
Nunca foi como desenhar ou descrever uma simples janela
Olhos são aberturas
a tal janela da alma
e por demais sabida
de ser por demais imcompreendida

Mas e se quiseres saber sobre alma
Volte ao primeiro verso



Comentários

Postagens mais visitadas