O sofrimento - maturação da alma e do corpo
O que o sofrimento quer e espera de mim? Que aspecto da
minha alma precisa crescer e amadurecer com o sofrer?
Ultimamente venho me indagando a possibilidade e o sentido
do sofrer. É um sentimento que vem para invadir todos os nossos muros construídos
com afinco, fazendo rachaduras em todas as nossas paredes, são aguas que se entalam
pela superfície de nossos olhos e pelo interior de nosso peito-garganta. Mais precisamente
é a sensação de rasgar o peito em aberto, é uma dor que parece não se findar. E
tentamos a todo custo acabar com o sofrimento – heranças de uma sociedade infantilizada,
que não aguenta sofrer e quando entramos em contato damos “piti”, e nesse
caminho consumimos, nos afundamos em falsos amores, em drogas, em remédios – em
fugas consecutivas, na tentativa de preencher todo o processo que não fomos preparados para
lidar.
Não acabamos com o sofrimento, por que simples: o sofrimento
que acaba por ele mesmo. Ele elabora e ele termina.
O sofrimento vem da exterioridade, da vida, pois o homem é o
único ser que vê e sente a exterioridade, que sabe que vive. É esse choque do
homem com a civilização e com a natureza, das relações plurais e diversas.
É o sofrimento que nos move. Uma das razões do sofrimento é
o rompimento da alma para se tornar maior. E quando uma alma se torna maior,
ela cabe mais mundo. Ela permite mais contradição.
Se o sofrimento rasga a alma num sentido de expansão, para
suportar as várias situações da vida. É um processo, nada mais e nada menos que
o processo de maturação, de crescimento no corpo e na alma. Não queremos dar o
tempo do sofrimento, e fugimos.
Todo homem carrega nas costas o infinito e é no se deparar
com esse infinito que encontramos a angústia. E lidar com o sofrer é lidar com
esse contato, lidar com sobretudo – a vida.
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