Solidão que nos conecta

Me sinto tão menos perto do tanto contido nessa noite, me refaço na pequinês da minha essência, a menos que não ameno. Diante da longitude e imensidão desse sereno, me encontro nascendo nessa lua nova. Em fresta dourada indo embora no poente, no pôr-da-lua as lágrimas são ditas dessa passagem, o fracasso é rito dessa minha rotação. A lua indo embora, se perdendo nos labirintos do horizonte, desaparecendo nas curvas das montanhas e dos matos, o laranja puxando o azul escuro da cor de um abismo, olho para as estrelas e os lobos me perseguem agora. O frio congela aqui fora, o escuro e a solitude retratam a minha verdade, escancarada na face do menino que às vezes brinca de ser adulto em um mundo tão cruel e frívolo, sem querer ser engolido por essa grande máquina de moer gente. Me escondo nessa noite, na crua realidade exposta na mesa enquanto janto um prato de angústia e medo de ser gente grande, acompanhado de um café quente e um corpo que resiste. Quero um colo, um abraço quente para me sentir seguro, quero algum tipo de calor que esquente ao menos minha frieza.
A ausência, o peso das escolhas, consequências, o sentimento de fracasso, de impotência, insegurança, o luto de lutar, o luto do morrer internamente, a separação e as rupturas, a solidez, a mudez e a surdez que engolem o silêncio.
Ciclos se encerram.
É a solidão que nos conecta.

Comentários

Postagens mais visitadas