É hora de crescer.
Assim, ninguém percebe quando já se vê adulto. Quer dizer,
penso assim: Ninguém realmente percebe que cresceu quando realmente tem que ser
gente grande. Ou seja, o momento, o verdadeiro momento que você se encontra sozinho,
você por você e ninguém mais por você. A hora em que realmente temos que dar-se
conta de que na vida somos os donos de nossas próprias escolhas e
responsabilidades. Quando você encontra-se na angustia de ter que escolher os pesos e suas medidas. A hora que levantar pra ir à faculdade, a hora de acordar
mais cedo para não perder a hora do trabalho, a hora que você esta na fila há
mais de uma hora para pagar as contas, a hora que todo mundo cobra de
você um pouco mais, a hora que o seu café esfriou. O amargo no azedo.
Eu não escolhi crescer, mas ultimamente me vi crescido. Não
falo da barba pra fazer, nem dos meus 1,74 de altura, nem das olheiras, ou da
pele já grossa, muito menos dos pelos que crescem em todo lugar do corpo. Mas
crescido interiormente, crescido por dentro. Aquele desconhecimento da alma e
pensamentos de outrora. O termo não-se-encontrar-em-si, de me procurar em fotos
antigas postadas há mais de um ano, dos amigos de tempos atrás , dos diversos gostos de outrora, das manias, das coisas que te faziam sorrir, das
brincadeiras e discursos alheios. Olhar para essas coisas e ver que o tempo de agora
não mais os pertence. Olhar essas mesmas coisas que te traziam um sentido e agora não achar mais graça em quase nada. Até mesmos os sonhos são diferentes. A gente aprende a enfrentar e entender os conflitos da adolescência. E quando vê os nossos muitos problemas impossíveis e se quebrar em mil pedaços por não achar mais soluções.
Você percebe que cresceu quando as farras das noites de
sexta-feira ficam amenas, e você prefere tomar um saboroso café em um sábado de manhã a ficar em baladas pelas noitadas a fora. Não que você desgoste das noites, mas vai
dando prioridades a calmaria de um conforto em sua cama até tarde e admirar àquele fim
de tarde do domingo. Você vê que não encontra mais aquela vontade em amigos de
antes, não que eles mudaram, mas parcebe que você mudou. E prefere companhias para
discutir sobre a vida, comidas, gosto pelas músicas, fotos e até mesmo sobre
politica, naquele barzinho da esquina. Mas aí você percebe que encontrar pessoas assim são
raras.
E nem adianta sua mãe contar aquela velha piada em que você se
acabava de rir, muitas coisas vão perdendo a graça. Em contra partida você começa a encontrar a graça em outros gostos e sabores. Enxerga que a vida tem encanto perante seus atos, e seus atos são frutos de suas escolhas. Percebe que
também dar para ser menino às vezes e esconder-se na pequinês daqueles choros guardados, daquele chorinho escondido para ninguém ver. É sorrir nas horas certas, e dar altas gargalhadas do nada, só para
ter a certeza de que ainda existe uma criança dentro de você e que coisas assim ninguém o tira. Agora conhece os significados das lágrimas e que chorar e botar para fora, pode
aliviar dores emocionais.
Aí você vê todas essas coisas, pequenas, minúsculas, você as
enxergam de cima de um avião. E vê que agora está tão grande quanto imaginava, e do seu voo
não quer mais descer, pois descer seria como cadeias.
Realmente a gente não escolhe a hora de crescer, a hora de
ser você de verdade, independente, dono de verdades, abraçador de mundos. Não vou
dizer livre, porque esse é o momento em que mais ficamos presos nas coisas, quimeras,
responsabilidades, principalmente responsabilidades; se não a marca de gente
crescida.
Chegou a hora de crescer, amadurecer e dar-se conta de que a
vida não espera por você. A vida tem um ritmo, você não pode ficar sentado e
vê-la passar, apenas pode sorrir para ela e deixar-se levar.
E você realmente deixa de temer a muitas das coisas te
assombravam. E percebe que realmente cresceu quando os seus medos não são mais
de fantasmas e monstros, vê que tudo isso é besteira quando enxerga que tudo isso é fruto de nossas imaginações, e que elas nos
prendem de muitas coisas. E que seus medos agora é do amanhã, de encontrar-se
sozinho, de não construir um futuro, de não deixar um legado, medo de não
realizar seus sonhos e de não aproveitar o tempo. Tempo. Gente grande tem medo
do tempo, pois aprendemos que ele agora corre descompassadamente,
desesperadamente, sem freios, e que ele deixar marcas profundas em nós. Cujo tempo
é responsável pela nossa identidade de agora. Ele brinca conosco e a gente tem
que aceitar entrar nessa brincadeira, se não sobra. Costumo dizer que o futuro
é composto de ‘agoras’, e é tudo verdade. E agora aprende-se a apreciar mais a simplicidade a riquezas sem importâncias.
Aprendemos que crescemos mais em experiências do que em
quantos aniversários celebramos.
Viva cada segundo como se fosse o último. Viva de tal forma
que anseie voltar a viver. Não pare perante os momentos difíceis, eles vão
ajudar você cumprir sua missão de ser feliz nos mais rigorosos invernos. E percebe que pode ser
forte quando os limites já tinham se esgotados. E que precisamente precisa se
mostrar forte mesmo quando por dentro as tempestades agridem. Aprende que fases difíceis vem e vai.
Chegou a hora de pensar mais nos outros, de sonhar, perdoar,
e deixar seu ego para trás. Sua vida tem um ritmo, sem mapa nem direção, apenas
seja paciente e siga esse ritmo. Chegou a hora de renunciar muitas coisas para dar entrada a milhares de outras.
Crescer é chato, exige paciência, coragem e muita maturidade
para isso. Mas dependendo de seus voos, revoadas e aterrissagens, você vê que
crescer é mais que necessário e que nada adianta se o tempo não brincar e o vento
não soprar. São poucas as pessoas que realmente crescem. E quando crescemos e percebemos isso, vemos que isso é
tão esclarecedor quanto um tiro no escuro.
Cresça independente do que aconteça.
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