E um domingo, apenas um domingo...

As cores
Os cheiros
A poeira na estante
O vento que sopra cautelosamente
Os cômodos
O sol envelhecido
As camadas, uma em cima da outra
Fazendo contato
O nada
O vazio cheio de coisas
E um domingo, apenas um domingo.
O começo de mais uma semana.
Começo?
Sabemos quando uma história começa? O momento que se fazemos os personagens e começamos o enredo? Ninguém sabe ao certo onde começa o começo.

Hoje foi dia de respirar, de andar pela casa agarrado com músicas e lembranças boas que te ajudam a transpirar o que sentimos, e que por algumas circunstâncias, prendemos e aguardamos para si.
Dia de curtir o nada, nada, exatamente o que planejei, fazer nada que me tire o ar da graça. O nada de rotinas e rotinas, do caos e bagunça que resta, afastar pra longe. Dia de brincar com o silêncio que se faz tão valioso para organizar o que nos deixa para baixo.
De gritar para todo mundo ser feliz, sendo feliz.
De receber visitas para falar sobre a vida, sobre a forma como vemos o mundo, falar dos sorrisos alheios, da companhia para compartilhar o amor por aquele filme bom, pra fazer um bolo de cenoura (mesmo que não tenha chocolate), de preparar o jantar, de sorrir e de se entristecer com o ódio que toma os corações das pessoas e questionar com as incertezas da vida. Mas também dia para amar as pessoas, independentemente dos seus defeitos.
Dia também para ficar só, sozinho, de poder dar conselhos e se entristecer com a dor alheia.
Domingo de ter preguiça e mesmo assim sorrir ao pôr do sol.
Dia de ser arte, de pensar sobre a vida, do que a gente poderia fazer para não haver mais guerras, fora e dentro da gente. De sorrir calado, de chorar surdamente as coisas que não podemos fazer.
De arrumar artifícios para o futuro e se der merda, ter vontade de ser cacto e aguentar firme.

Dia de ser sonhador amador.
De refrescar a dor.
De viver a cor.
De amar sem dor.
Escorregar no calor.
Se entregar e distribuir flor.
E mesmo se não fazermos isso tudo, sonhar em ser o tudo.
Dia de ser, ser apenas você.
As cores, os cheiros, a poesia que não cabe nesse domingo.

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