Saudade adiantada

Acho que talvez nunca encontrei algo igual, talvez eu possa está falando do amor carnal, também. Mas falo o que sinto daquela pureza que vem de dentro, aquele olhar bobo quando já nem sei mais.

Tô falando do amor, o amor em todas as suas formas. O assobiar do peito quando tudo parecia tão cinza, é o canto do preenchimento.

Certo que tenho que falar que não precisamos de metades para ser feliz e sentir amor por alguém. Temos que ser inteiro e completos por nós mesmos, porém tudo fica mais apaixonante quando os inteiros encontram outras almas inteiras que te faz querer ser partes, parte das partes - os inteiros juntos formando um todo. E é assim o amor completo.

Aquele sorriso de dentes colados, entrecortados, de olhos bobos, o branco da pele fazendo caminho de neve entre os que se perdem com a beleza interna e externa que enxergo, que me perco, os cabelos negros, as mãos mais macias e deliciosas que já toquei, o toque que me arrepia, a segurança no jeito de andar ao meu lado. O beijo quente, doce e amargo, os olhos fechados revelam o sabor. O valor que tem todas essas coisas.
A pernumbra da manhã iluminando nossos corpos em fervura, no lençol todos os despidos - corações em turbilhões.

Que pena a brisa e o calor dessa tarde levar todos esses universos embora, deixando a presença partida e as lembranças ainda enxutas, e a saudade agora nesses lençóis que nem quero arrumar, o cheiro que ainda se faz presente, a calmaria.

O cigano de partidas, nunca poderia ser de chegadas. Os mistérios e segredos preso em cada suor, do calor da pele.

Logo eu que sou de sentir e quase nunca assobiar, fico aqui, perdido, no cantinho do meu quarto, de lençóis bagunçados, o inibriante e o âmago de todas as coisas que permeiam a saudade apressada e adiantada do amor calejado e completo, tarde de sábado.

Comentários

  1. Que texto mais lindo... Todos deveriam ganhar um presente assim um dia. O amor.

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