Reticências

É madrugada, chove lá fora. E depois de uma boa leitura eu descanso na minha cama, leio poesias, poemas que gritam. Gritam muito dentro de mim, são narrações de vida, de amor e de mortes em vida... Reticências, acho que quero ser reticências em parênteses (...), Essa forma engraçada de dizer que as coisas não acabaram, que continuam. É essa forma poética de dizer como é a vida, um eterno reticências.

Hoje é 30 de abril, madrugada, que jeito engraçado de perceber como o tempo é passagem sem paradas, sem rodoviárias, integrações e muito menos pontos. Apesar que, muita gente espera o tempo passar, e ele passa e não espera. Que infeliz, na minha impetuosa insônia, eu estar dialogando comigo nesse reflexo do escuro, sobre o tempo. É também cruel esse reflexo, o escuro que me engana gritando ser infinito, pois onde os meus olhos não chegam, permanecem as ruas sem fim dessa solidão. Solidão (reticências) esse espelho que reflete a minha alma, minhas perturbações e belezas, pois é no vazio em que eu consigo transitar livremente entre minhas realidades, não tão mortas, não tão normais. E eu sempre dou ouvidos à minha solidão, essa arte do relacionamento intrapessoal, pena que às vezes me traz uma melancolia que nem os sítios do "vai ficar tudo bem", "calma", "uma hora tudo vai mudar" - consegue resolver ou fazer algum sentido. Sentido? Às vezes frágil como um bebê, e este tão rico em possibilidades e esperanças.
A noite parece ser tão longa, todos dormem. Aos que ficam acordados numa hora dessas, me fazendo companhia sem mesmo estar perto, pertencem àqueles que num diálogo como esse, sofrem ou vivem de algo - de amor, de solidão, de insônia, de prazer, de loucura ou sanidade.

Eu sofro de poesias, de café, essa forma de durar narrações das realidades que ocorrem dentro de mim, no momento em que elas ocorrem até chegar ao final.
Final de que?
Final do café?
Da noite? Do texto?
Ou de mim?






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