Os pombos estão mortos!

Os pombos estão mortos, na terra do nunca, onde a liberdade soa leve
As memórias vieram de lá para se despedir
Onde os heróis descansam em paz
E as crianças se perderam nos becos
Das ruas com saídas
Existem saídas e escolhas
As escolhas são réus vestido de sombras
Numa réplica, numa súplica
Andam tão apressados

Os pombos
Que morreram
Me seguem com suas certezas
E pontos finais
Numa certidão de nascimento
E em tão pouco numa de órbito
Reinventando a criação e coisas tais

Havia algo de novo nos olhares
Nova profecia
Nas estrelas
Pintando incertezas
Novos deuses nascerão
E todas essas ruas me enterrarão
Num mar afogado de âncoras
De barcos presos
Insignificante me largando
Contra as ondas do mar
De estradas longas e impetuosas
Das margens que rasgam minha alma
E minha vontade de andar

E voam para todos os lados
pela cidade povoada
um bater de asas sombrios
arrastando a morte na cara daqueles que não veem

Me segues com tuas certezas
E me enterrarás nessas tuas covas
Me prendes nestas tuas jaulas imundas
E me arremessarás nestas tuas terras
Ó liberdade
Onde os pombos estão mortos.


Comentários

  1. As pessoas e sua busca incessante pela liberdade faz com que a maioria de nós se perca num ciclo sem fim, uma prisão interna, mental, pessoal, uma solitária. Onde as alegrias de uma vida recém-vivida (a infância), se apagam a todo o instante. Onde cada escolha pra alcançar a liberdade se materializa como uma faca de dois gumes, levando-nos na maioria das vezes ao lado errado, nossas prisões.
    Somos donos de nossas escolhas, somos donos de nossa liberdade, mas será que um dia alcançaremos?
    Morremos sempre mais a cada dia que se passa, a cada nova escolha que fazemos nós matamos uma parte de nós. Abaixo de nós, o chão que pisamos e ousamos matar, agredir, um dia será nossa morada, como aquele verso “da terra viemos e pra a terra voltaremos”.
    E estamos em constante mudança, sempre buscando melhorias e a perfeição, e nessa busca nos perdemos entre o certo e o errado, entre o que faz bem e o que nos mata. Cada nova esperança é também um abismo, cabe a nós decidirmos se vamos arriscar e pular pra uma possível liberdade ou preferir a certeza e a segurança da terra firme sob nossos pés e aceitar a vida como ela é, como porcos caminhando pra o abate. Acatando ordens, e seguindo padrões.
    Acho que a grande questão a ser desvendada é “realmente somos felizes com o que temos?” e será que essa felicidade não é nossa liberdade?

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