Adoecimento, quando o corpo sobrevive

Era uma corda que puxava da cama para o banheiro, a boca que engole todas essas pílulas e comprimidos não sustenta mais a voz sã, é uma voz cansada e embriagada de tudo e de tanto que já não suporta mais, hospitais e clínicas do desespero. 

O corpo em decadência que exala o cansaço e denuncia a imunidade que saiu e não deu mais as cartas. corpo inerte, que navega nessas águas escuras em troca de esperança.

Perturbação mental, dores em todo corpo fazendo todo o desvelamento do real restrito ôntico, as vias aéreas que acompanham a dificuldade do respirar e toda essa fadiga de entender o processo de adoecer.

Sabe, é um saco, esse quesito “sobrevivência”, sem manual de como sair, sem instruções de como levantar o sol do meio dia. A estaticidade que acompanha o organismo e a rotina sem freio que não espera a cura.

Mas o depois, depois que você passa por uma doença por semanas que duraram eternidades, você só quer respirar, sair por aí, fazendo movimento e dando força ao que é frágil, cantando sem ritmo, sem dó nem ró pelo simples prazer de se ter a voz, fazendo sinais com a cara de quem é criança bagunceira por dentro, como se tivesse autorização para pintar sem ordem as paredes que se erguem na sua frente.

Por que você percebe o quanto a vida é frágil, o quanto corpo-carcaça às vezes suporta o que não pode mais e decai em compasso com rito da natureza, como se essa insistência que é viver fosse uma dança sem compasso, que ninguém entende, mas todo mundo quer e tem que seguir os passos.


É no adoecer que aprendemos nossos limites.



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