ELE
E o dia
começava naquela rotina que mais parecia uma cadeia que lhe aprisionava a
semanas.
Ele que já
vinha cansado de tempos tempestivo. Ele que já havia perdido o medo da chuva e
seus raios.
Naquela
rotina de acordar, de andar pelos cantos das lamentações, esbarrando nas
paredes que lhe prendia e dormia em travesseiros que pesavam em sua cabeça.
Acordava e
resmungava querendo sua vida de volta, era um alma buraco sem fundo.
As janelas
fechadas com grade no portão.
Pra ele
suposta segurança. Ele sabe que não são proteções.
Ele se
tornou prisioneiro das grades ao redor, e olha entre as frestas o que vida
poderia ser.
Nas noites
de sã escuridão ele via sua vida repensada.
Pensava o
quão era prisioneiro.
Quando
criança andava entre os espelhos de pessoas desconhecidas, essas mesmas pessoas
lhe condenava.
Achava
errado pra ele o que foi imposto, ele não entendia todas aquelas regras e leis,
porém as obedecia.
Ele aprendeu
que revidar só lhe tornava um mero papel amassado, em que essas pessoas
pisavam.
Ele crescia
desordenado do que não lhe pertencia. Criou um mundo pra si, nesse mundo ele
era ele mesmo, com suas próprias limitações.
Nesse mundo
a chave para entrar era a imaginação. Até hoje se torna prisioneiro desse
território.
Ele cresceu
e começou a duvidar de suas doutrinas. Mas aprendeu a guardar suas dúvidas pra
si mesmo, as suas opiniões não interessavam a aquelas pessoas.
Ele tinha
que conviver com os amigos quadrados. Aprendeu a ser quadrado também, mesmo não
sendo.
Vivia ao
redor de pessoas que tragavam tudo pelo caminho.
Ele via todos
aqueles modos e achava uma tolice, mas as faziam pra ser aceito em algum lugar
que estava distante de ser o dele. Fingia tudo muito bem.
Ele teve
amores de infância, mas ainda era rejeitado pela maioria.
Ele
observava todos aqueles sorrisos condenados e sorria também.
E o mais
estarrecedor é que eles pareciam estupidamente felizes.
Escutava
aquelas pessoas que falavam o tempo todos e não tinha nada a dizer. Não fundo
não diziam nada.
Todas
aquelas manias esquisitas lhe dava ânsias, mas ele as copiava.
Teve um
tempo que ele era sozinho. Sofria bullying por ser daquele jeito.
E viu que
nada adiantava. Ficou doente tentando se enquadrar novamente. As marcas em sua
pele os assustavam.
Ele era do
tipo que ia seguindo uma direção qualquer sem saber pra onde ia.
Seus gostos,
vontades, desejos e sonhos ficaram perdidos em algum lugar, alguma parada.
Todos tinham sonhos iguais.
Ele tinha
sonhos que não era dele.
Seus gostos
recusados pelas ordens superiores.
Ele queria
voar
Cortaram
suas azas.
Ele queria
ser ele
Ninguém
deixava.
Ele foi
crescendo em uma escola onde Tinha medo de todos. Ele era calado, não falava
com ninguém, tinha uma aparecia triste. Mesmo assim ele não desistia, e
caminhava apanhando.
Ele apanhou
muito dos insultos daqueles quadrados e limitados.
Vivia o
escuro, vivia apenas no mundo que ele criou.
Chegou a
pensar em desistir disso tudo e ir embora pro lado de lá.
E se pegou
naquela rotina, andando deum lado para o outro, contestando tudo e a si mesmo,
parecia uma bomba relógio pronto a explodir.
E um dia
desses ele acordou diferente, pronto a ser outra pessoa.
E começou a
buscar os seus iguais.
Com o tempo
ele foi conhecendo pessoas novas, e essas eram as pessoas redondas. Tinham
sonhos diferentes, sorrisos contagiantes. Eles com todas as limitações nesse
mundo eram livres.
Não eram
muitos.
Existe a
maioria e existem essas pessoas
Eram eles
mesmos.
E então ele
se viu neles e começou a participar desse novo mundo.
E começou a
não ter mais medo de ser diferente.
Assim como
essas pessoas ele não se escondia mais dos seus próprios medos, apenas amava,
vivia, sentia sem nenhum segredo.
E começou a
ignorar os quadrados.
Essas
pessoas tinham opiniões distintas, porém coerentes.
Ele viu o
quanto era libertador o grito do abismo, o tiro no escuro. Era esclarecedor
quebrar aqueles espelhos.
Ele viu um
novo mundo crescer em sua volta, e nessas voltas resgatou seus sonhos, gostos e
desejos.
Ele agora
era ele mesmo. Não completamente ainda escondia algo dentro dele. Mas era
feliz.
Ele ria e
chorava em seu tempo. As pessoas comentavam, falavam e julgava mas ele não liga
mais.
Hoje ele ama
e odeia também.
Hoje ele
pensa diferente.
Hoje ele
segue sua própria direção em seus trilhos.
Conheceu
pessoas que comemoravam o por do sol e se jogava no abismo do desconhecido e
também se aventurou.
Com muitos
receios e limitações em sua bagagem ainda, mas segue com um sorriso e poses
entre os olhares.
Aquela
pessoa que sangrava e melava seu próprio sangue.
Hoje bebe um
vinho saboroso de seu suor e sangue sagrado.
Ele percebeu
que tinha que viver seus sonhos e que tinha pouco tempo.
Hoje ele
vive, pelo menos tenta.
Hoje ele
sonha...
Parece que o texto foi feito pra mim... Kkkk
ResponderExcluirEle sou eu. Passei por uma fase de me esconder, me escondia em amigos "populares", religião, me escondia em conselhos vazios, me esondia atrás de um " eu" que inventei que me permitiu enquadrar em grupos aceitáveis... Mas quebrei todas as regras, chutei o pau da barraca, me neguei a ouvir alguns conselhos, duvidei de Deus. Quebrei todas as correntes que me impediam de ser quem realmente eu era.
Confesso, hoje eu sou feliz pelo que sou, tenho orgulho do que me tornei. Passei da fase, me superei.