O silêncio e as coisas...
As coisas continuam nos mesmo lugares de sempre, do jeito
que sempre foram.
Permanecem assim no abstrato dessa noite. Nas verdades mais
escondidas e soltas pelo ar. Na rasa complacência que se tornou as coisas.
A angustia predestinada pulsa aqui calada. E deparo-me com a
realidade, nua. Não quero falar, no momento quero beijar o silêncio.
Madrugada. Sábado. Eu. Papel e caneta. Eu aqui compactuando
com as minhas dores. Também, sempre abafadas pelos barulhos da vida. Sempre
escondidas pelos concretos da vida. Choros guardados que a solidão seca. Um
sorriso solto em meio a toda essa bagunça, também compactua com alguns
conflitos.
Uma lágrima perdida; cai; lenta e pesada com o peso que o
mundo torna. Encontra-se também com tudo o que tem por dentro e viram água
calada para correr em mim.
Com o tempo o que entendemos, é que no final somos a gente
com a gente mesmo. Ninguém mais habita os nossos sonhos, medos e conflitos.
Têm horas que o silencio é um livro de possibilidades. Nada
grita mais do que um silêncio preenchido, esse rio que corre cheio de segredos
submersos, que é de fato onde podemos nos esconder do mundo e refugiar no lado
de dentro.
Silêncio; o melhor companheiro nessas horas. Melhor maneira de me escutar e conversar
comigo, quando as mesmas coisas habitam os mesmos lugares e insistem em não
mudar.
As coisas e o silêncio. Com o embalo do vento e das
ventanias soltas nos arremessam para diversos lugares do passado. Acredite;
todas essas coisas mudam. As lembranças fazem de nós a plenitude dessa
madrugada.
O para sempre é composto de "agoras".
Os “hojes” são incompletos. Sonhos somem e aparecem. O
futuro com todas as suas entradas e saídas, portas e janelas, becos e estradas.
O futuro é hipotético.
Mas por enquanto sou sonhos e cansaços. Sou medo e coragem,
vontade e covardia de seguir. E amanhã quem nos garante? Quem é que vai nos
proteger? E o depois quem nos conforta?
O silêncio e as coisas...
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