O ano em que me tornei PSICOLOGIA

“Somos como que fisgados, atraídos por uma trama complexa de anzóis e iscas, das quais algumas nunca serão completamente identificadas.”

No começo desse ano (2016) prometi que iria escrever no final do ano (agora) sobre a experiência de como seria fazer o curso de psicologia. Estava começando essa nova jornada e pensamentos de como eu receberia, de como é, se vou me sair bem, se me identificaria como profissão para a vida, se eu iria gostar, se esse curso mudaria a minha vida e modo de ver o mundo e todas essas indagações tumultuando os dias que passaram rápido até o dia primeiro de fevereiro. Pois bem, me surpreendi.

O início é igual para todos. Não imaginamos as coisas que irão acontecer, o começo seja de qualquer forma é incerto, confuso e incomum, onde tantas coisas estranhas, pessoas, conhecimentos farão parte da sua vida, onde todos as histórias se fazem com o tempo uma construção na alma de cada um.

E foi no primeiro dia que houve o encantamento, o sabor inicial que sentimos quando essa coisa já fazia parte da sua vida sem você mesmo saber. A maravilhosa faculdade. E foram com os dias, as aulas e professores tão bons, instruídos e preparados que eu nem estava acreditando a mediação que recebia. E eu com o meu jeito tímido de me debruçar e arrumar um espaço em tantos estranhos, tantos sonhos e sentidos diferentes, e o meu jeito tímido e único de se abrir para o novo, mas sempre de coração aberto para criar afinidades e assim foi.

Em meio a rotina, acordar cedo (desafio para quem acordava depois das 12), tomar um café apressado e sair correndo para pegar os ônibus vazio, e todos os rostos e pessoas que tornaram-se conhecidas durante esses 11 meses, mesmo que não houvesse nenhum contato, mas sempre observo tudo, com esses olhos curioso da vida alheia e consequentemente aprendendo muita coisa. Ah... observar, continuou sendo a minha melhor companhia nos momentos solitários e nas 4 horas para ir e voltar para casa.

Não imaginei o quanto a psicologia me transformaria, me moldaria e me construísse o que sou hoje e o mais interessante saber que ainda tem muito mais pela frente. Todo o conhecimento acadêmico, todas as teorias, conceitos, todos os teóricos tentando de alguma forma explicar o mundo e a mente humana, o famoso “Freud” (só ele explica hahaha), tanta coisa foi apresentando a mim esse ano, tanta informação construindo o meu senso critico e espaço. A psicologia me tirou daquele mundinho que eu imaginava ser o infinito, eu tão bobo, mal imaginava que psicologia é um universo e me fez enxergar e pertencer a todo esse infinito, me fez sair do “mundo do meu umbigo” e ver que o mundo é muito mais que isso, todas as coisas e inclusive a “verdade” vai muito mais além. A verdade que existe para o sim e o não.

Encontrei um sentido para viver, para amar as pessoas, para entender que todos temos o nosso mundo e isso tem que ser respeitado acima de tudo, também aprendi a ser neutro em certos assuntos, mas também sabendo ceder em outros, aprendi o primeiro pressuposto do curo, que é: despir de todos os conceitos, preconceitos, prejulgamentos que tinha sobre as pessoas e sobre qualquer coisa que entoasse esse meio. Aprendi a me interessar e ter um cuidado com o que é de mais valioso no ser humano – os medos, os conflitos, os sonhos, o sofrimento – A alma.

Deixei de lado muita coisa e consequentemente cresci e amadureci. E todos os livros e teóricos que me apaixonei, e virei um apaixonado em saber sobre o que as pessoas têm a dizer sobre o mundo, a percepção sobre as coisas e ter olhos e ouvidos para ouvir, coisas que são o instrumento do psicólogo e coisas que as pessoas no mundo em que vivemos tanto carecem para se viver bem. Afinal, o que as pessoas tem a dizer é um teoria, seja cientifica ou empírica, e precisamos tomar muito cuidado como escutamos, como interpretamos, como lidamos, como saber conversar e dialogar quando o assunto agride outras pessoas, sendo caminho para o ódio aprendendo a quebrar e transformar em amor tudo que não faz bem.

Aprendi nesse curso também que toda diferença, seja ela em qualquer forma, seja a cultura, religião, sexualidade, etnia, forma de ver o mundo é VÁLIDA.  Aprendi a ter postura e ética para/com as pessoas e meio em que estou inserido. Aprendi também a questionar, seja eu ou seja o mundo, sempre ciente.

E foi nesse segundo período que a abordagem da psicologia, me escolheu, isso ela já vinha dentro de mim, só que eu precisava da ciência da mente para enxergar e perceber que o “Humanismo” já havia me escolhido a muito tempo.

Conheci em uma aula, pelo professor de “Psicologia geral” o termo e palavra RESILIÊNCIA, conheci na pele e agora vem fazendo parte de alguns projetos futuros.

E mesmo já sendo reconhecido nos espaços que frequento como “O psicólogo” mesmo ainda faltando muito para me formar, eu já sou o psicólogo no grupo da família, aquele que entende da mente no grupinho dos amigos, o “conselheiro” de outros, no começo foi estranho, mas com o tempo eu soube como agir e não intrometer muito a ciência no meio e conseguir conviver com esse rótulo, até gostei.

E foi assim que não tenho como encaixar tanto conhecimento adquirido em apenas um ano, saber como estudar e me intrometer nos livros, nas notas muito acima da média, as amizades que fiz no curso, o carinho pelos professores (muitos que foram e que vão), foi assim que relaxei sobre o peso que carreguei no começo de como seria tudo isso, sabe, se eu daria conta.

Percebi só esses dias que a psicologia já fazia parte de mim mesmo quando eu ainda não sabia o que se era, desde a muito tempo e só hoje eu vejo que ela não vai me largar nunca mais.

Está sendo uma experiência maravilhosa e única na minha vida. Todos os desafios que venho enfrentando e que ainda irei enfrentar, posso dizer que estou na postura combativa.

Valeu as madrugadas, manhãs, livros, estudos, conhecimentos acadêmicos, crescimento e amadurecimento pessoal, multas na biblioteca, atrasos, olheiras, cafés e sonos nos corredores e nos ônibus que 2016 me proporcionou.

"A estrada é gigante, mas caminhar já é chegar.”

O ano em que me tornei psicologia.