Crônica de uma terça feira

As pessoas e suas vidas alheias.
     E foi numa terça feira à noite, que pairava sobre mim esperança. Como todas às vezes ou outros anacronismos que se repete em devaneios de outrora, de sentimentos repetidos. Falo como se fosse a primeira vez que os sentia. Esperanças de quem como eu debruçava sentidos ao desconhecido. Sobre essa noite que alternava entre o frio e a concordância de meus princípios.
Com o tempo aprendemos a essência de cada um têm. Como que às vezes o tempo traga às dificuldades ao antídoto à felicidade.

     E foi nessa mesma noite que eu observava atenciosamente a vida das pessoas que não podem sonhar. Desvairava também a tristeza daqueles que são submetidos a metas indesejáveis.
Penso que o homem que não sonha é submetido a um caminho seco. Vazio. De sorrisos ensaiados. Forçados sobre si esses dentes cravados, esses lábios encurvados que interpretam algo longe ao título de felicidade.

     Há aquelas pessoas que se submetem a algo imposto pelo simples fato de se sustentar nesse mundo que regride entre a fé e o dinheiro. Onde a hipocrisia serve de um esconderijo aos verdadeiros valores. Refiro-me aqueles que pisam noutros para ter algo simplório e chegar ser tão ambicioso ao ponto de alcançar o próprio titulo "simplório".

     Existem pessoas que falam o que foi programado. Existe aqueles que são submetidos a cegueira de um mundo doentio. Aqueles que são bulas de um sistema que alimenta o mal.
Aquelas pessoas que se cegam pelas ordens de quem está em um nível mais alto que o seu. Coerente à aquelas pessoas que nomeiam a ignorância da massa. Os prisioneiros que se dizem livre.
Aqueles que chamamos de ignorantes.
Certa vez conversava com amigos em um grupo de mensagens, quando uma menina vomitou em palavras que tinha nojo de gays, condenando com suas palavras também quem andava com esse tipo de gente. Ela por sinal, alienada de um sistema religioso onde pregam o ódio a esse gênero.
E pensei o quanto as pessoas são programadas a tal visão de um mundo hipócrita. Pessoas que são apenas vítimas de um mal que prega o seu bem.

    Esses dias também meus olhos convidaram à pairar naquelas pessoas que tem um dom encantador de querer mudar o mundo, ou pelo menos o meio em que vive, com palavras que adotam um fundo de libertação.
Pois foi naquela tarde quando meus olhos entrelaçaram naqueles olhos azuis como um céu, um céu daqueles sem nuvens, deixando a grandeza de um horizonte azul. Onde neles me permitia enxergar a coerência em seus ditos. A inteligência e marcas de uma vida que se permite sonhar.
E nessa tarde eu pude apreciar o quanto é libertador sonhar.

    Conversando com uma amiga, que por sinal entendida desses meus pensamentos que inundam os sentidos. Ela que pensa exatamente como eu em algumas situações. Permiti-me enxergar de relance o quanto de sonhos a embalava recíproca à uma aquarela. Recheada de cores trazia em sua pequena jornada um futuro tão desejado. E também vi em seus olhos o quanto a vida já lhe ensinou e lhe fez sofrer. Assim também como eu, vocês. As pessoas são feitas também de sofrimentos, muitas dessas pessoas agarram a tal ponto de achar normal. E vi que o futuro dela guardava bons tesouros.
Observei os meus colegas distantes, aqueles que empilhados de histórias e contos de suas vivências me permitiu ir além a meus desejos.

    Reparei naquelas pessoas que carregam na mala o drama de um personagem em quem se perdeu de um péssimo ator. Onde suas manhas dão sentido à uma criança desvairada da vida, desentededora das coisas. Onde pensar é algo raro. E faz das idas pra tentar a felicidade numa prisão e drama eterno.

    O pudor daqueles que servem seus sonhos é insignificante.
Enquanto eu lia nessa terça feira de uma noite frienta, onde essa noite me levou a peça teatral, que tinha como cartaz "As pessoas e sua vida alheia" eu vi de perto as qualidades e estereótipos de diferentes seres onde tentam à toda ambição, um meio de se sustentar às cegas.
Eu vi o que as pessoas eram capazes por dinheiro. Onde o lobo se esconde na pele de cordeiros.
Eu vi de relança as raras pessoas libertas desses sistemas. Aqueles que têm uma visão lá na frente de tudo. Que é tragado pela ambição de mudar o futuro.

O futuro muda a todo instante. Pois o amanhã não é mais como era antigamente.
O passado tende a ser esquecido.
O presente tende a ser costurados a tentativas, muitas delas frustrantes. Porem outras significantes. Um presente que é a decisão de tudo. A permanência e a mudança.
O hoje repleto de tentativas fúnebres

     Durante esse passeio nessa noite me permito ver um filme. Um filme da vida.
É que no filme da vida o herói é um farsante, a mocinha esta morta, o vilão é um mesquinho, os antagonistas uns medrosos, os figurantes bobalhões, o roteirista é um maluco, os produtores estão assustados, o diretor esta perdido, é esse o filme da vida, onde o publico da risada da confusão desenfreada e todo o caos dentro do sete, no filme da vida a historia esta perdida, os personagens são fracassados, e eu sou apenas o duble que assiste tudo atrás das câmeras esperando meu momento de entrar em cena e pular de cabeça no chão, é tudo que eu sei fazer, nesse filme idiota que se chama vida.  
                                              
    Foi nessa terça feira tão cheia de poesia que também eu vi o por do sol, lindo e exuberante. Amostrado com sua riqueza de cor pêssego. Vi  ele indo embora a um céu empossado de um azul sonolento, frio e sem nuvens que trouxe uma noite tão cheia de viagens.
Tento escrever em detalhes devaneios dessa noite de terça feira frienta. De observar as pessoas ao meu redor e aquelas distantes, porém a sua essência chegou a mim. Tento enriquecer frases por frases tentando pintar algo.

    E foi também nessa noite que enquanto eu me afogava no livro "A vida que ninguém vê", de umas das mais importantes jornalista/cronista desse extenso Brasil, Eliane Brum, que me permito destacar esse trecho:
"Porque uma frase só existe quando é a extensão em letras da alma de quem a diz. É a soma das palavras e da tragédia que contém. Se não for assim, é só uma falsidade de vogais e de consoantes, um desperdício de som e de espaço."
E foi nessa noite inspirado também por esse livro, que essa terça feira me fez uma viagem em vidas, sonhos e sentidos e entre meu filme trágico e também cômico. E entre coisas que não coube nesse texto e em palavras. Mas isso é história pra outra crônica...

(Foto tirada nessa noite que carrega a poesia embalada de uma noite inspiradora se este for o caso, uma foto, sem importância, tirado a mero acaso a ser postado em algum lugar.
Coberta de efeitos e editada permanente por essa noite de terça feira.)

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