Estrada

A estrada que eu sigo, mesmo sendo desconhecida, me toca, e me puxa além das calçadas escuras que seguem a querer me desviar.
Os meus pés, já cansados de sua jornada, há forças para espalhar a terra dessa minha estrada minuciosa que trilhei até aqui, há uma vasta expansão a pecorrer.
Entre sonhos e pesadelos eu não tenho medo, e não tenho que ter!
Tropeço em devaneios de outrora, do outono que em suas folhas secas que caem tão simbolicamente, e embalam um sentido ao vendo frio daquela tarde ensolarada.
Devaneios de uma tarde de sol laranjado, em um monte com vista panorâmica para a cidade que se agita em caminho do fim de tarde, daquela brisa que sopra as íris dos meus olhos, tão castanhos nesta tarde, olhos que enxergam a perfeição.
Sonhos, quimeras, fantasias, ficções, podemos chamar de devaneios.
E pela estrada que caminho, entre devaneios e gritos do passado,
Pela estrada da minha imperfeição sonhei que o mundo era feito de paz, sombras e desejos.
Mas de repente vi aquela linda e falsa estrada desaparecer.
Porém é necessário forças pra poder sonhar e enxergar que essa estrada vai muito além do que se vê, vai muito além do que se limita.
A vida é inclassificável, porque ela não se permite se classificar em idas e voltas, em trilhos e em caminhos.
A minha estrada faz mais sentido do que nomes, títulos ou classificações.
Ela não tem ordem a seguir, ela não tem caos. Ela tem sabores, tem cores que nunca darão conta de todos os arcos de uma aquarela, ela tem curvas acentuadas, tem cheiro de esperança, tem mel e tem gosto de sal.
Remendar o impossível vai mais além do que se permitir!
Me permito a saborear a prateleira da vida! Com suas histórias ruins e contos encantadores. Não importa, isso faz parte do roteiro!
Na vida existem caminhos...uns tortuosos, outros dolorosos,
outros planos e fartos.
Caminhos, que nos fazem trilhar horas de intensa felicidade, 
de infinitas verdades, caminhos que inspiram o nosso pensar.
Mas também caminhos que nós fazem chorar e sangrar a angústia de ter que parar no caminho.
Gosto é de remediar as limitações, de ser livre em meus caminhos, de sentir o som da liberdade!
- Grite! Cante! Sorria! Viva! Permitem se!
- Beba, chore, pinte, arrisque, sangre!
- Não morra! Nem se perca nesse caminho que é se encontrar na perdição!
Temos passos longos a trilhar ainda.
As pedras que encontrarei no caminho irei guarda las e construir uma ponte para meus sonhos.
Cansei de dificuldades.
Eu quero estradas me mostrando o caminho.
Quero pessoas transparentes, cansei de tentar decifrá-las
De achar desculpas por suas ações e atitudes pretensiosas.
Só me interessa ser feliz.
Não importa o quanto demore mas que venha farta de luz e energia!
Minha força se alimenta da esperança.
O medo abraça o abandono.
Viver vai além de cadeias impostas, de regras retóricas!
Me sussurram promessas, e isso não me atraem, não mais.
Como já dizia Gabriel pensador: " Vai em frente sem parar, que a parada é suicida, porque a vida é muito curta e a estrada é comprida."
Entre monstros e anjos, entre o céu e inferno, nessa minha estrada eu vi de tudo e ainda vou ver de muito mais.
As flores que eu plantei deixei pra trás,
as sementes que eu colhi, no meu bolso se desfaz,
em meu caminho sigiloso tudo se atrai.
Entre o bem e o mal, uma utopia capaz.
Capaz de pintar histórias, entre enredos dramáticos e heróicos.
A esperança, enganadora como é, serve contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis.
Não existe céu sem tempestades, nem caminhos e estradas sem acidentes.
Em momento algum de sua caminhada tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la intensamente como se deve viver.
Também não esqueça que temos todo tempo do mundo, e que esse mundo já faz muito tempo!
Caminhe o hoje, porque a estrada do amanhã pode nem chegar!